Sexta-feira, 28 de Setembro de 2007
O Tribunal da Relação de Coimbra determinou que o exercício do poder paternal fosse entregue ao pai biológico. No meio dos destroços provocados por esta sociedade refém dos media, aquela decisão é uma lufada de ar fresco, ao arrepio de campanhas, petições, opinião pública manipulada e dos sacerdotes da pedopsiquiatria. Esta sociedade não pára para pensar e fica impune tanta inconsciência.
Quinta-feira, 22 de Fevereiro de 2007
As agendas da comunicação social são flutuantes. Os estudiosos e académicos terão uma resposta científica. Eu apenas constato que o caso da menina Esmeralda, escondida por quem se arroga o poder de ser pai ou mãe, desapareceu dos grandes títulos e dos debates. A turba que se emocionou virou a página e passou adiante. Até que algo de verdadeiramente palpitante e espectacular (no verdadeiro sentido de espectáculo) volte a ser notícia.
Quinta-feira, 1 de Fevereiro de 2007
Quantas crianças aguardam por adopção em Portugal? Muitas. Imensas. Demasiadas. Aguardam em instituições até que haja interessados e sejam reunidas as condições exigidas na lei para que sejam adoptadas. Ao que ouvi, a taxa de adopção é de apenas 2,5%, contra 5% no resto da Europa. Muitas das almas que se comovem com a desprotegida Esmeralda bem podiam deixar os abaixo-assinados, os pedidos de "habeas corpus", as lamentações e os impropérios e ir buscar uma dessas crianças. O problema da Esmeralda, neste momento, não é o dessas crianças rejeitadas. O problema da Esmeralda, bem pelo contrário, é o de ser uma criança disputada por pessoas que reclamam direitos de paternidade. Esmeralda é vítima da sua sorte e do seu destino, mas também vítima das pessoas que, não tenho dúvidas, a amam. No entanto, um amor que não é isento de sentimentos de egoísmo e de posse. E é melhor ficar por aqui.
Quarta-feira, 31 de Janeiro de 2007
Para uma opinião informada convém TAMBÉM ler os factos que os tribunais deram por provados no chamado "caso Esmeralda". Vá lá, um pequeno esforço. Não basta ler jornais ou ver debates na televisão.
Consulta no sítio do Conselho Superior da Magistratura.
Com a devida vénia de "
O Jumento":
"Animado pela campanha movida por alguma comunicação social o sargento que quer ser pai à margem da lei e passado por cima dos pais da Esmeralda desprezou a conferência convocada pelo Tribunal. O sargento mostra que não está disposto a abdicar de um direito que atribuiu a si próprio e que conta com o apoio da opinião pública para que a lei seja aplicada à medida dos seus desejos. Ficou claro que não está disponível para que o pai conheça a filha e muito menos para promover o convívio, para ele o bem-estar da criança é o seu próprio bem-estar."
Terça-feira, 30 de Janeiro de 2007
Uma menina pergunta: "pai, o que é um pai biológico?" O pai põe aquele cara de quem está seguro de si enquanto busca a resposta que não lhe ocorre. "O pai biológico é um pai como eu. O teu pai", diz ele. E o ar confuso da menina: "então também és mau?"